quarta-feira, 8 de julho de 2015

PAULO NOGUEIRA BATISTA JR, NOMEADO VICE PRESIDENTE DO BANCO DOS BRICS, ANALISA TAMBEM CRITICAMENTE PAPEL DO FMI. VEJA ENTREVISTA ESTADAO.2 JUL 15

ENFIM UMA BOA NOTÍCIA:
 
PAULO NOGUEIRA BATISTA JR. É UM ECONOMISTA SÉRIO E COMPETENTE. FEZ UMA EXCELENTE GESTÃO NO FMI, COMO REPRESENTANTE DO BRASIL E MAIS OUTROS PAÍSES. NUNCA FEZ PREVISÕES ULTRA EQUIVOCADAS COMO O FMI ADORA FAZER E O BANCO CENTRAL DO BRASIL TRANSFORMOU EM ESPECTÁCULO DE INCOMPETENCIA ANUAL. TODOS ANOS ESTABELECE METAS AMPLÍSSIMAS PARA INFLAÇÃO E NUNCA ACERTAM... E QUEREM CONVENCER O POVO BRASILEIRO DE QUE TÊM QUE AUMENTAR A TAXA DE JUROS E CONSEQUENTEMENTE REALIZAR "AJUSTES FISCAIS" COLOSSAIS PARA IMPEDIR O BRASIL DE DESENVOLVER-SE E O ESTADO BRASILEIRO DE ATENDER AS NECESSIDADES DE SEU POVO. AO CONTRÁRIO DESTA GENTE PAULO NOGUEIRA BATISTA MANTEVE SEMPRE UMA PARTICIPAÇÃO CORRETA NO FMI E AGORA NO BANCO DOSO BRICS. VALE APENA LER SUA ENTREVISTA A UM JORNALISTA QUE NÃO TEM IDÉIA DO QUE SERIA O BANCO DOS BRICS.
  

Entrevista. Paulo Nogueira Batista, economista

Futuro vice-presidente do novo banco dos Brics diz que EUA e Europa não têm mais capacidade de dar as cartas


'O FMI não se adaptou ao século 21'

Adriana Fernandes
02 Julho 2015 | 02h 04



Novo banco entra em operação em 2016, diz Batista

De malas prontas para Xangai, onde assumirá o cargo de vice-presidente do Novo Banco de Desenvolvimento do Brics, o economista Paulo Nogueira Batista diz que a nova instituição financeira global poderá financiar projetos do setor público e privado, dar garantias e participar de Parcerias Público-Privadas. Também poderá ter participação do capital acionário dos projetos, que terão foco em infraestrutura e desenvolvimento sustentável.
Junto com o FMI dos Brics, como está sendo chamado o Acordo Contingente de Reservas, o banco nasce como uma terceira via de contraponto ao arcabouço financeiro internacional formado pelo FMI e o Banco Mundial.
Em entrevista na qual faz questão de ressaltar que fala a título pessoal, pois ainda não assumiu o cargo depois da passagem pela diretoria executiva do FMI, Batista afirma que os países do bloco - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul - não encontram na arquitetura financeira atual espaço condizente com sua importância. FMI e Banco Mundial, diz, são instituições que foram criadas com base no eixo de poder do Atlântico Norte, EUA e Europa. "Esses países são ainda fundamentais, mas não têm mais a mesma capacidade de dar as cartas", diz.
Quando o banco dos Brics vai funcionar?
O acordo que estabeleceu o banco foi assinado há um ano em Fortaleza na Cúpula dos Líderes e está prestes a entrar em vigor. Para a estratégia operacional, surgiu a ideia de, antes da entrada em funcionamento, nomear uma pré-administração com vice-presidentes para que se mudem para Xangai e para definir os procedimentos operacionais. A meta é que entre em operação em janeiro de 2016.
Por que optar por essa terceira via? Uma opção não poderia ter sido fortalecer as instituições nacionais já existentes?
As instituições nacionais dos Brics são importantes. Cada um tem seu equivalente ao BNDES e os cinco são ativos e operam internacionalmente. Mas há o objetivo de criar uma instituição nova, que seja o resultado da ação conjunta dos cinco países, que seja um organismo internacional. O que se quis fazer foi um salto. Um banco que seja multilateral e que estará aberto à participação de outros países. Qualquer país membro nas Nações Unidas poderá entrar como sócio.
Recentemente foi criado o Banco Asiático de Desenvolvimento em Infraestrutura (AIB), sob liderança da China, para se contrapor ao Banco de Desenvolvimento da Ásia (BDA), que tem forte influência americana. Essas novas instituições correspondem a um novo arranjo global, um novo 'Bretton Woods'?
De fato, o banco criado sob a liderança da China tende a competir mais com o banco asiático de desenvolvimento, que está sob forte influência do Japão e americana. Não seria ir longe demais, mas, em certo sentido, podemos dizer que Fortaleza está para os Brics como Bretton Woods esteve para o FMI e o Banco Mundial. Mas há diferença de proporção, porque são quase globais.
Nesse sentido não está surgindo um novo contraponto ao FMI e ao Banco Mundial?
Sim. O novo banco é de alcance global. Mas é preciso lembrar que vai crescer aos poucos, ir passo a passo, para ser uma coisa segura e sólida. Vai demorar até que tenha alcance comparável a de outros bancos. Usar a expressão de contraponto, tudo bem, desde que se entenda que a relação é mais complexa, envolve cooperação e até atuação conjunta. Poderemos atuar conjuntamente com o Banco Mundial. Essas novas instituições não foram criadas contra ninguém, mas para ajudar os Brics e os países em desenvolvimento.
Mas há uma estratégia chinesa de reduzir a hegemonia americana e europeia no sistema monetário internacional?
Não posso falar da estratégia chinesa. Mas os Brics são cinco países grandes que têm um traço comum. São países que não encontram na arquitetura financeira atual espaço condizente com sua importância relativa. Quando a China cria o banco asiático e um fundo para a rota da seda - outra iniciativa de caráter internacional -, reflete disposição de atuar, não contra instituições existentes, mas adicionalmente.
Não corre o risco de o Brasil ficar periférico nessa nova ordem internacional?
O Brasil é um país que tem peso grande. Está entre os dez maiores em área, população e PIB. Um país como o Brasil não será periférico a não ser que trabalhe ativamente para ser. A não ser que a gente tema em ser periférico. Mas o Brasil não é grande suficiente para sozinho modificar as coisas. Precisa trabalhar em alianças.
Qual será o foco do banco. Onde ele vai atuar?
O banco tem o mandato claro para financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável em países em desenvolvimento e nos Brics. Um país desenvolvido poderá ser sócio, mas não poderá ser tomador de empréstimo. Já um país em desenvolvimento poderá entrar como sócio tomador. O banco vai financiar projetos tanto do setor público como do setor privado e de parcerias público-privadas.
Que projetos vai financiar?
É prematuro. Só temos condições de avaliar projetos a partir do ano que vem. O banco está autorizado a financiar projetos do setor privado, a dar garantias e a entrar no capital acionário, no equity.
O banco pode ajudar no futuro o programa de concessões?
Pode, desde que sejam projetos do que está previsto no acordo. Mas o banco não foi criado com o propósito de financiar nada. Não existe uma lista de projetos. Não tem uma coisa predeterminada. Isso é coisa que vamos trabalhar.
Por que esses novos bancos estão surgindo?
Porque o banco mundial não está dando conta de atender a demanda por infraestrutura. Há um hiato entre a capacidade de financiamento dos organismos multilaterais existentes e demanda enorme que existe por infraestrutura nos países em desenvolvimento.
Quais as armadilhas a serem evitadas?
O novo banco tem de aprender com a experiência do Banco Mundial e FMI e aplicar o que deu certo. O FMI está com um problema meio crônico de não conseguir se adaptar com necessária velocidade ao mundo que está surgindo no século 21 em que países fora do eixo do Atlântico Norte têm peso crescente. São instituições criadas no pós-guerra, com base no eixo de poder do Atlântico Norte, EUA e Europa. Esses países são ainda fundamentais, mas não têm mais a mesma capacidade de dar as cartas.
Que oportunidades surgem para o banco e o FMI dos Brics?
Se o novo banco quiser dar um salto em relação aos já existentes, terá de ser muito mais aberto aos outros países em desenvolvimento. Para que o Brics reivindicam mais voz? Essa é uma pergunta que temos de responder conjuntamente. Se a resposta não for clara, vão dizer 'ah bom!' Esses cinco países estão querendo mais influência, mas não são diferentes dos países do Atlântico Norte. Temos uma vantagem que é que os países do grupo não há muito tempo tinham empréstimos do FMI. Temos a experiência não muito distante de sermos devedores num mundo em que o Atlântico Norte dá a regra.
O Rio é candidato para sediar o FMI do Brics?
Essa sugestão foi feita. A China também quer fazer a sede em Xangai.
Temos chance?
Tem. É uma discussão política e ao mesmo tempo técnica que os países têm de fazer. Imagino que ao longo do segundo semestre isso seja definido por consenso.

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