terça-feira, 24 de abril de 2012

Theotonio no Chile: renascimento do Chile crítico e inovador - Parte final.

11. Encontro com os alunos do centro acadêmico da Faculdade de Humanidades da Universidade de Valparaiso. Tema da exposição “América Latina e as Relações Internacionais”.



Encontro com os alunos do Centro Acadêmico de Humanidades.

19/04 de 13h e 15h – Debate com os alunos. O debate foi extremamente alentador, pois as perguntas estiveram dirigidas às alternativas que o movimento estudantil deve buscar para sobrepor-se à experiência neoliberal. 

12. Conferência Magistral sobre os novos movimentos sociais da América Latina 19/04 às 18h: Realizei conferência magistral pública sobre os novos movimentos sociais da América Latina e seu questionamento do modelo neoliberal no auditório ex-aluno Salvador Allende do Liceu Eduardo de la Barra que me permitiu ademais conhecer a escola secundária de Salvador Allende na sua forma original (maquete) e na sua forma mais extensa que se construiu a partir de uma decisão do governo da presidenta Bachelet. O interesse dos alunos secundários também se volta para a luta contra o modelo neoliberal e a busca de alternativas. 

13. Palestra sobre os desafios da Economia na América Latina dia 20/04 às 20h: Por fim, no dia 20 de abril (sexta-feira) às 20h realizei palestra sobre os desafios da economia na América Latina para os estudantes e professores da Faculdade de Economia e Negócios, sucessora da antiga Faculdade de Economia da Universidade do Chile (sede Santiago). Em 1969, como fruto de um vasto e profundo movimento de reforma universitária no Chile, a Faculdade de Economia se separou em duas: uma, da qual eu fazia parte, se manteve na sua antiga localização como parte da sede norte da universidade do Chile que se dividira em 4 sedes. Aí se instalou então a Faculdade de Economia Política cujo decano Roberto Pizarro, meu ex-aluno e orientando, esteve presente nas articulações da conferência que realizei a convite da Federação de Estudantes do Chile. Foi uma oportunidade para fazer uma crítica bastante contundente ao pensamento neoliberal e um elogio a orientação que havíamos implantado na Faculdade de Economia Política durante o governo Allende. Roberto Pizarro já havia chamado atenção no seminário sobre os desafios atuais das Ciências Sociais na América Latina, realizada em Val Paraiso sobre o fato de que o Centro de Estudos Socio-economicos (CESO) que eu dirigia e o local da escola de economia se converteram na sede da polícia política da ditadura chilena (DINA). Também é impressionante relembrar que a minha casa emprestada a embaixada do Panamá para acolher cerca de 350 exilados durante o golpe de setembro de 1972 havia se convertido também num centro de tortura da DINA. Hoje ali está instalado um Memorial que visitei na mesma noite.




Anúncios da conferência "Desafios de la economía en América Latina" colocado pelos estudantes.

14. Entrevista para os alunos, dia 22/04 às 11h: Fiz uma entrevista para os alunos da Faculdade de Economia e Negócios para um documentário aonde eles buscam recapitular a história de sua faculdade que desconheciam até há muito pouco. Mas também para conhecer um projeto acadêmico alternativo ao que eles tem. Estes alunos aproveitaram a ocasião para contar como descobriram a existência de outro pensamento econômico que não aquele que recebiam exclusivamente na sua faculdade. Mais uma vez se comprova a tese por mim defendida no meu livro “Do terror a esperança: auge e decadência do neoliberalismo” de que o pensamento liberal radical está muito mais próximo do fascismo do que de um estado liberal e muito menos ainda democrático. Disse adeus ao Chile cheio de esperanças. A crise do neoliberalismo não é somente uma crise economica, política, ecológica, social, mas é, sobretudo, uma crise da consciência unicentrista e eurocentrista.

15. Encontro com Roberto Pizarro

 Da esquerda para a direita: Roberto Pizarro, Theotonio dos Santos e Alicia Gariaco.

Encontro com Roberto Pizarro e Alicia Gariaco (foto), ex-decano da Faculdade de Economia Política, meu ex-aluno e orientando, cuja tese de licenciatura, escrita com Orlando Caputo sobre a economia mundial e a dependência foi um grande êxito editorial e acadêmico, sendo publicado em várias línguas e objeto de estudo em várias universidades do mundo. Ambos tiveram que fugir para a Argentina, aonde foram presos pela ditadura e onde presos foram mais violentamente torturados com o golpe de Videla. Finalmente saíram para a Inglaterra aonde obtiveram seus doutorados voltando ao Chile depois de participarem ativamente do governo revolucionário da Nicarágua. Os estudantes chilenos veêm nele, antigo ministro do planejamento que renunciou ao seu cargo por razões políticas e ideológicas, uma liderança intelectual, acadêmica e política muito confiável. Chamo atenção para o fato de que a líder mais reconhecida do movimento estudantil recomendou no seu twitter a participação dos estudantes nas minhas palestras. Como vemos, muita água vai rolar no Chile.


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