domingo, 11 de julho de 2010

Boletim Semanal - Livros


LIVRO SOBRE A POLOP

O Centro de Estudos Victor Meyer, que assumiu o nome de importante militante baiano da Organização Revolucionária Marxista - Política Operaria (POLOP), publicou um livro sobre a história da POLOP. Este livro recolhe, sobretudo, os trabalhos desse militante. Como fundador e dirigente nacional da POLOP, eu considero este livro uma contribuição muito importante para a história dessa organização e seu papel no contexto político, sobretudo da esquerda brasileira. Contudo gostaria de assinalar que a versão da POLOP de Victor Meyer está muito influenciada pelo pensamento de Eurico Mendes, companheiro Eric, cuja história é resgatada pelo livro. Porém Eric, apesar de ser a principal figura geradora da POLOP e uma influência definitiva da mesma, representava o ponto de vista e o enfoque de uma corrente daquela organização, não representava o espírito de toda a militância.
É necessário lembrar que Eu, Rui Mauro, e Vânia Bambirra representávamos uma versão das questões internacionais e nacionais muito mais influenciada pelas lutas nacional democráticas da America Latina e do Terceiro Mundo em geral. Deve-se lembrar também, que entre os intelectuais que compuseram a direção política da POLOP encontramos figuras com Eder Sader e toda uma militância vinculada a USP e ao ambiente de São Paulo que incorporava uma grane diversidade da esquerda marxista e não marxista, na qual tinha muito peso por exemplo o pensamento de Rosa Luxemburgo, certas áreas do Trotskismo, onde predominava a obra de Ernest Mandel. Todo um ambiente político muito sofisticado que refletia as lutas que deram origem a esquerda paulista e muito mais próxima do que veio a ser do PT.
Emir Sader irmão de Eder, apesar de seu vinculo estreito com o MIR-chileno, em cuja direção pesava muito a liderança de Ruy Mauro Marini, durante seu exílio também se via muito mais próximo do projeto do PT. Michel Löwy se fez cada vez mais próximo do Trotskismo, outras correntes de pensamento influenciaram muito a Moniz Bandeira que se aproximou finalmente das correntes do partido trabalhista que ele associava à social democracia, o que o levou finalmene aromper com Leonel Brizola, mais próxima à tradição nacional democrática.
O grupo que Victor Meyer representa se manteve muito fiel à perspectiva de Eric, mesmo quando a POLOP se desestruturou no final da década de 60. Dessa maneira falta ao livro uma perspectiva mais ampla que absorvesse todas essas correntes. E não devemos esquecer a crise da POLOP em 1967, com o rompimento da COLINA e outros grupos que assumiram a luta armada contra a ditadura.
Enfim, apesar de representar um grupo pequeno, a POLOP representou a complexidade da experiência da esquerda latino americana. Pois não se deve negar a influencia que exerceu sobre a esquerda do continente. Enfim, POLOP – Uma Tajória de luta pela organização independente da classe operária brasileira é um livro importante para retomar um processo político e intelectual que deixou marcas muito significativas no Brasil contemporâneo.

Um comentário:

Anônimo disse...

Bem companheiro de outras épocas,explico:quando sentavamos em volta da mesma mesa,quando esta existia,para pensarmos um Brasil e um Mundo diferente eu continuo no meu papel de aprendiz e vocêcontinuou sua busca intensa,trabalhando,estudandopor isso hoje é um dos mais respeitado intelectual da esquerda brasileira abraços do otavino

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